segunda-feira, 31 de maio de 2010

Só nós dois...

"Só nós dois é que sabemos
O quanto nos queremos bem
Só nós dois é que sabemos
Só nós dois e mais ninguém
Só nós dois avaliamos
Este amor, forte, profundo...
Quando o amor acontece
Não pede licença ao mundo

Anda, abraça-me... beija-me
Encosta o teu peito ao meu
Esquece o que vai na rua
Vem ser meu, eu serei tua
Que falem não nos interessa
O mundo não nos importa
O nosso mundo começa
Cá; dentro da nossa porta.

Só nós dois é que sabemos
O calor dos nossos beijos
Só nós dois é que sofremos
As torturas dos desejos
Vamos viver o presente
Tal-qual a vida nos dá
O que reserva o futuro
Só Deus sabe o que será."

Joaquim Pimentel

domingo, 30 de maio de 2010

Looking up...



Fotografia: Bryan Allen

sábado, 29 de maio de 2010

Da crise...

"Fomos os "alunos exemplares" de Bruxelas: aceitámos a destruição do nosso tecido produtivo com a submissão de quem não foi habituado a expor questões e a enumerar perguntas. Pescas, agricultura, tecelagem, metalurgia, pequenas e médias empresas desapareceram na voragem, em nome da "incorporação" europeia. A lista de cúmplices desta barbaridade é enorme. Andam todos por aí. Guterres trata dos famintos do Terceiro Mundo; Barroso, dos "egocratas" de barriga cheia; os economistas que nos afundaram tratam da vidinha, com desenvolta disposição. Nenhum é responsável do crime; e passam ao lado da insatisfação e da decepção permanentes, como cães por vinha vindimada.

Impuseram-nos modos de viver, crenças (a mais sinistra das quais: a da magnitude do "mercado"), um outro estilo de existência, e o conceito da irredutibilidade do "sistema." Tratam-nos como dados estatísticos, porque o carácter relacional do poder estabelece-se entre quem domina e quem é dominado - ou quem não se importa de o ser."

Baptista-Bastos

Diário de Notícias,
26 de Maio 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Realmente farta...

Estou farta, tão farta! Oiço, escuto, escrevo, registo, e tento não ser a chata que se está constantemente a queixar daquilo em que se foi meter. Penso sempre que pior que isto é impossível, mas consigo ir sempre melhorando, aprimorando o método de me meter em enrascadas. Agora desemerda-te, penso eu sempre que olho para o calendário.

Eu sei que fui eu que escolhi, que fui eu que optei, mas neste momento só me apetece gritar, chorar e esconder-me dentro do armário para apenas sair de lá daqui a um mês.

Sei que é o desespero do momento, a impotência sobre este tempo cujos dias se sucedem a uma rapidez alucinante. Sei que isto vai passar e que daqui a uns tempos volto ao meu auto-controlo. Mas há dias em que o perco e só me apetece mandar esta vida que eu escolhi pela janela fora.

Hoje é o dia.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Das saudades...

Eu queria dizer que tenho saudades. Mesmo muitas. Mas sinto-me tonta porque só passaram três dias e duas noites (como se eu estivesse a contar). Sinto que me falta algo, faltas-me tu. Queria telefonar-te a meio do dia só para dizer as mesmas palavras de sempre, de todos os dias, mas que me dão um quentinho bom no coração. Queria telefonar-te depois do trabalho para saber o que iríamos comer, vamos às sopas ou aos hambúrgueres, fazes o peixe ou eu faço o bife? Queria ouvir-te ralhar com o Ruca pois ele só te obedece a ti, ainda há pouco ralhei-lhe por estar a trepar a estante, ao que ele muito arrogantemente nem se dignou a responder com um olhar. Queria falar contigo, brincar contigo, rir contigo, queria aqueles momentos depois de chegar a casa, trocar de roupa, trocar uns beijos, umas carícias, umas gargalhadas e as conversas entre a cozinha e o quarto. Queria os nossos dias, os nossos momentos… Estou formatada a ti… como dormir sem te ter ao meu lado… dou voltas na cama e tu estás sempre disponível para me acolher… apetece-me encostar o rosto no teu peito, encaixar-me em ti e sentir os teus braços a envolverem-me, mas agora só tenho o vazio, o frio. Gosto de te sentir, oh como gosto de te sentir enquanto adormeço. Até sinto falta de quando ralhas comigo, porque tens razão tantas vezes e sou tão melhor por isso… Quero esses olhos nos meus, esse abraço a rodear-me, esse jeito tão teu, esse toque tão teu, esse beijo, esse sabor, sinto-te a falta, como te sinto a falta… Sou mais feliz contigo, rio-me mais contigo e sem ti sinto-me à deriva, incompleta. E confusa, não faço sentido nenhum.... Que ridículo, voltas só daqui a cinco dias (mas alguém está a contar?) … que tonta, voltas já daqui a cinco dias… Passa num instante… Mas volta depressa, sim?


sábado, 15 de maio de 2010

Os meandros do ciúme...

«Nas coisas do coração, por muito democrática que seja a nossa razão, somos todos totalmente fascistas. Tão insuportavelmente fascistas, de facto, que deveríamos ser todos presos - literalmente, já que o que convém na política não apetece nada no amor. Na política, convém que as pessoas sejam livres. No amor não. (...)

Não se pode confiar em ninguém - mesmo nas pessoas de absoluta confiança. Confiar, não ter ciúmes, significa achar o outro incapaz, indesejável ou incapaz de desejar, indiferente ou incapaz de ser diferente. Faça-se a quem se queira a fineza de achar que mais alguém o há-de querer também. Desconfiar de quem se ama significa dizer, de uma maneira perversa mas verdadeira: "Se calhar estarias melhor com outra pessoa, mas eu, com outra pessoa, estaria sempre pior."»


Excerto de crónica de Miguel Esteves Cardoso, com publicação na revista do i, na edição Nós, Ciumentos

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Manifesto pelo Regresso ao Senso Comum no Ensino

"Un centro de estudio no es un simple lugar de permanencia, sino un lugar de trabajo. Y como no hay calidad sin exigencia, consideramos que la promoción automática debe ser eliminada para evitar que pase de curso quien no haya estudiado ni se haya esforzado. Asimismo creemos necesaria una prueba general externa al final de la ESO y otra al final del bachillerato.

La vuelta a la disciplina en las aulas, para que el derecho de quienes quieren aprender esté siempre por encima del de quienes boicotean la clase, y los derechos del alumno agredido por encima de los del alumno agresor. Para ello, es indispensable el reconocimiento del profesor como autoridad pública, y aceptar sin complejos que el profesor ha de ser quien manda en la clase."

Daqui

terça-feira, 11 de maio de 2010

Hoje passei-me na sala de professores...

Que o Papa pare este país, contribuindo para nos afundar ainda mais neste défice que nos está a deixar de rastos, ainda admito. É mais um que nos lixa. Depois do Constâncio, do Mexia e amigos, mais um não fará grande diferença.

Que viremos a cara ao facto de sermos um país laico e recebermos o Papa com mais pompa e circunstância que qualquer representante do estado ou da religião, ainda aceito. Não somos famosos por sermos coerentes ou por nos mantermos fieis aos nossos princípios.

Agora, que apareçam na sala de Professores com uma camisola a dizer “Eu sou católico e tu?”, já é gozar com a minha cara. Então se eu amanhã entrasse na escola com uma t-shirt a dizer “Alá é Grande!”, o que sucederia?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

When I was 16...

Lembro-me das primeiras saídas à noite, da adrenalina a correr rápida em mim, das danças, das músicas, das cumplicidades, das vergonhas, dos complexos, das loucuras, dos beijos roubados, dos crimes imperfeitos, dos segredos para sempre enterrados, da verdade e consequência, do amanhecer, do anoitecer, das desilusões, das ilusões, dos sonhos, das certezas, das interrogações, da sede de viver e crescer.

Parece que já foi há uma eternidade que fui adolescente, uma outra vida, uma transição que se fez tão rapidamente, tão imperceptivelmente, que não dei por ela. Mas a verdade é que quando passo na minha antiga rua e entro na casa, onde vivi 24 anos, já não a sinto minha. Sinto-a parte de uma realidade distante, que relembro já com muitas nuvens e pouca nitidez.

Não tenho saudades. É estranho ouvir e ler toda a gente a afirmar a nostalgia, a saudade com que relembra esses dias. Eu não sinto isso, o que não quer dizer que tenha sido profundamente infeliz. Olho para todas as partes do meu passado e vejo-as como tal, passado. Todas essas vivências contribuíram para a minha vida no presente, no meu agora, tendo sido por isso fundamentais. Cada ferida, cada queda, tiveram um propósito, contribuíram um bocadinho para eu ser quem sou.

Se gostei do que vivi? Claro que sim! Mas não queria voltar a passar por essa fase. Já a vivi agora é tempo de evoluir, de progredir. O que ao contrário do que a maioria pensa não implica ter que me tornar numa velha chata. Corresponde a fazer o que neste momento me dá mais prazer, que já não é o mesmo que aos 16 anos. Porque a mudança é inevitável e resistir é estagnar.

sábado, 1 de maio de 2010

Desistir

Iniciei o estágio cheia de boas intenções com o desejo de fazer a diferença quer nas relações humanas, quer nos recursos pedagógicos e até mesmo na comunidade educativa. Longe de ter sido perfeito, senti que houve momentos em que consegui marcar a diferença e foi isso que me fez continuar.

No ano pós estágio coloquei em prática tudo o que tinha aprendido. Dediquei-me, trabalhei e quando percebi que tinha sido usada, enganada, explorada, senti-me defraudada. Dei o murro na mesa e
fui-me embora.

Ao chegar à escola seguinte, a meio do primeiro período, uma mudança que se fez literalmente de um dia para o outro, estava emocionalmente devastada, esgotada, farta, farta de tudo!! Comecei a deixar-me ir na corrente, sentia-me sem forças, sem motivação...

Já passou um ano e meio e obviamente que durante esse tempo muitos factores pessoais (mestrado, assalto, doenças graves de familiares...) e profissionais (mudança de escolas, nove turmas !!??!!) influenciaram a fraca qualidade do meu trabalho, sobretudo no que respeita à diminuta entrega à escola. Todos esses factores podem justificar cada falhanço. Mas justificam perante os outros porque para mim é injustificável. Conseguiram convencer-me que já não valia a pena.

O feedback dos meus alunos dos primeiros anos diz o contrário.
Esqueci-me de os ouvir.