Sonhos

Surge com a luz envolta na sua figura.

Avança na minha direcção, estende a mão e puxa-me levemente.

Não sei porquê, não sei como, mas sigo-a sem nada questionar.

Perdido no caos (20.10.08)

Não gosto de sair. Não gosto de desistir de um projecto. Fico com uma enorme sensação de derrota, de fraqueza. Mas agora não vejo solução. A falta de carácter, de humildade, de reconhecimento da maioria das pessoas leva-me a tomar uma decisão que não gostaria de tomar e muito menos por motivos como estes.

Talvez crescer seja isto. Decidir, apesar do sentimento que essa decisão nos provoca, apenas porque é a opção certa a tomar.

Sei...

... que está frio quando abro o frigorífico e pondero deixar a porta aberta para aquecer a sala.

Uma tarde má...

Nós queremos ensinar, queremos que eles aprendam, queremos que eles cresçam enquanto pessoas.

Estamos dispostos a trabalhar horas e horas que não são remuneradas, a comprar/elaborar os recursos mais adequados, mais modernos, mais inovadores, mais motivadores da aprendizagem.

Estamos preparados para explicar uma, duas, três, quatro… mil vezes se for preciso.

Nós estamos dispostos a trabalhar e a esforçamo-nos por eles e para eles! Eles é que não…

E isso, ISSO é que lixa o esquema todo…

Uma questão de convicção...

“Vais assinar? Vais pôr o teu nome? Mas és contratada!”

“Pensa bem no que vais fazer porque isso pode-se repercutir no teu concurso do próximo ano e na tua carreira”

“Tens a certeza que queres que o teu nome conste dessa lista? És contratada…”

Sim Senhora Ministra eu assinei! Sim Senhora Ministra eu não quero ESTE modelo de avaliação em que os resultados dos alunos são manipulados, em que os professores são os únicos responsáveis pelas falhas da sociedade, em que a própria legislação vai contra o código civil, em que os meus direitos institucionais como cidadã deste país são violados!

Sim, sou contratada! Ora bolas, sou contratada mas tenho convicções!

Por agora...

Pensei que me fosse sentir sozinha.

Pensei que a solidão fosse invadir os meus dias e sobretudo os meus serões.

Os telefonemas sucedem-se bem como os convites, de parte a parte. Querem saber de mim e eu quero saber deles.

Por agora sinto-me bem. Sinto-me acompanhada, acarinhada e cuidada.

Sinto-me orgulhosa (perdoem a falta de modéstia!) pelo rasto de amizade e carinho que fui deixando ao longo do caminho de Lisboa até ao T1 em Riachos.

Obrigada a todos os que ligam para saber de mim e a todos aqueles que me ouvem quando preciso de falar e de partilhar tudo o que vai aqui dentro.

Gosto de vocês! :D

Consciencialização

Isto de partir à aventura é muito giro!

Isto de ser eu a mandar em mim é muito engraçado!

Sou livre e tão livre sou que me apeteceu mudar de emprego e mudei. Se para fazer isso tive que mudar de casa e de cidade foi um pormenor.

Disse pormenor?

Queria dizer pormaior!

Isto é tudo muito giro até ao momento em que fecho a porta atrás de mim, entro no meu T1 alugado repleto de bibelôs e “naprons” e penso… ai a minha casa…

Não estou arrependida mas tenho saudades de casa! Lá no fundo, no fundo, gosto de ser livre com as minhas raízes bem presas ao meu chão.

Mudar de vida

Em dois minutos mudei de emprego. Em dois minutos mudei de cidade.

O tempo é relativo quando a decisão é uma certeza.

Uma certeza tão sentida, tão real, que tornou essa mudança tão necessária.

Ao desligar o telefone suspirei de alívio e sorri.

Mudei de vida!

Independente e feminista (mas não muito :P)

Depois de tantos anos a ter alguém em quem depositava toda a minha confiança em questões de bricolage, tecnologias e afins, eis que me vejo a braços com um mundo desconhecido. E eis que, surprise, surprise, os homens desse mesmo mundo não facilitam em nada.

Falam comigo como se eu tivesse 10 anos, o que até poderia ser um elogio dado o meu ar extraordinariamente jovem mas que não é, pois encaram-me como tendo uma mente extremamente atrasada e bloqueada.

“Para ligar o modemzinho que é aquela caixinha com uma antenazinha, carrega no botãozinho que diz on que quer dizer ligado em inglês”. Muitos “inhos” e “inhas” depois despacham-me não me resolvendo o problema e deixando-me com um ódio à Clix do tamanho deste Mundo (adesão a dia 8 de Março e o processo ainda não está concluído, fujam meus amigos, fujam!).

E como é que aqui a solteira e boa rapariga, independente, feminista, resolve o problema? Telefona ao amigo (homem pois claro) que percebe de computadores,suborna-o com uns pastéis e reza (sim, sou ateia mas nestes casos uma ajuda superior não calha nada mal) para que o problema fique finalmente resolvido.

Reflexões dispersas

6 anos e meio de vida.

Muitas experiências, muitas descobertas, muito crescimento, muitas alegrias, algumas tristezas, um grande, um enorme amor…

Nunca pensei que existisse um amor tão profundo, tão dedicado, tão enternecido, tão apaixonado… existíamos só nós, só o nosso mundo… eu olhava e só te via a ti.

Sei que existiram momentos maus, mas prefiro retirar os ensinamentos que me proporcionaram e esquecer…

Não acredito que nós iremos desaparecer num qualquer buraco negro do universo. Existirá sempre aquilo que é nosso, que só nós compreendemos o significado, que só nós percebemos o porquê…

Sinto uma enorme, uma profunda tristeza e dor por ter que admitir o meu falhanço, perco tanto…

Porém, espero não perder uma pessoa, um Amigo, um confidente, um suporte essencial à minha vida.

Outras pessoas entrarão nas nossas vidas, desempenharão outros papéis, representarão outras coisas, mas tu, tu serás sempre o meu primeiro grande, grande, grande amor.

Inesquecível,
marcante
e determinante.

Fomos tão felizes…

O poder do livre arbítrio

Quando algo dá errado é sempre mais fácil culpar o outro.
O outro é que era difícil, é que não deixava, é que condicionava…

Mas esqueço-me que sou detentora do poder de livre arbítrio e é penoso pensar que eu é que me anulei, eu é que não queria, eu é que não tinha força, eu é que não fiz por mim, eu é que me deixei afundar…

E afinal… o outro é inocente no meio desta teia que fui fiando à minha volta, isolando-me.

Agora debato-me com a grande guerra interior de acreditar em mim, de gostar de mim e de ter força por mim. E eu quero vencer, sentir que sou capaz de o fazer sozinha, por mim…

Quero...

"(...)empreender um novo início, a destruir os esquemas de ontem, a deixar de dizer 'não posso' quando posso, 'não sou' quando sou, 'estou bloqueado' quando estou totalmente livre."



Rabbi Nachman Di Braslav

As férias

Andei a um ano inteiro a tentar recuperar o fôlego, sem tempo para respirar, parar e viver.

Adiando tudo para as férias.

Que sim, as férias tudo resolveriam e aí seria feliz.

Tinha a minha vidinha organizada e controlada, toda esquematizada à volta da ideia das férias. Aí teria tempo para tudo e para todos…

Esqueci-me que a vida não fica em suspenso, vai sendo vivida quer estejamos ou não preparados para ela, quer o queiramos ou não…

A vida é para ser vivida nos 364(5) dias que o ano tem. Eu esqueci-me e guardei-a para as férias.

Agora tenho férias… e vida?

Redescoberta

Sentir-me livre,
sentir-me viva,
dançar,
dançar,
dançar,
não pensar,
fechar os olhos,
abstrair-me do mundo
e
apenas sentir o meu corpo a movimentar-se ao sabor do som...



Hoje ressaco pela redescoberta deste mundo que eu abandonei em prol de uma qualquer conformidade.



Sinto-me bem! Sinto-me viva! E quero mais…

a música do meu agora

" (...) Tudo era para ser eterno
E tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos?
O que foi que aconteceu?
Tudo era para ser eterno
E tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos, meu amor?
O que foi que aconteceu?"

"O que foi que aconteceu?" - Ana Moura

(música e letra de Tozé Brito)

Adenda ao post anterior

"Aprendi a ser humilde"

Ui!

e modesta também...

Crescendo...

Quando era mais nova era insuportável. Aliás se hoje me conhecesse com menos uns anos ia detestar-me. Miúda enervante!

Tinha todas as certezas, sobre tudo!

Eu é que sabia como é que as coisas deveriam ser, o que é que se deveria dizer, o que é que se deveria fazer, em que ordem de tempo, de espaço… Primeiro isto, depois aquilo…

EU??? Nunca faria isto e nunca faria aquilo. Nunca me enganava e raramente tinha dúvidas.

O meu Mundo era a preto e branco. Havia bons e maus.

Entretanto…

Descobri que o mundo é cinzento.

As pessoas por vezes são boas.

As mesmas pessoas outras vezes são más.

Não podemos impedir tudo o que é errado.

Não podemos fazer tudo o que é certo.

Aprendi a ser humilde e tentar (é para sublinhar a palavra TENTAR) não julgar os outros antecipadamente.

Sinto-me a aprender a ser uma pessoa crescida, a lidar com todo este mundo e todas estas implicações de ser eu A responsável pela minha história.

Porém, o que me angustia, para além da minha estupidez juvenil, é pensar no que poderei estar eu a fazer neste momento que levará o meu “eu” de daqui a 10 anos ter vontade de me dar um par de estalos.

Não há duas sem três

Tento reprimir, pensar que não necessito, que consigo gerir as ideias, os pensamentos, as histórias, dentro de mim.

Convenço-me que as consigo manter e reter.

Descubro que não consigo, que as letras apressam-se a formar palavras que contam tanto… de mim, dos outros e do mundo que me rodeia.

Pedem-me que as deixe sair, que as partilhe para assim ganharem corpo e alma.

E eu, como sou simpática faço-lhes a vontade.