quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A minha avaliação....

Este ano foi de uma enorme aprendizagem na minha profissão. Já tinha estagiado, já tinha trabalhado numa Escola Profissional (com um público muito… muito… digamos… peculiar) mas nunca pensei que ao estar no Ensino Básico é que me fosse confrontar com as situações e dificuldades que se atravessaram no meu caminho.

Houve vários factores condicionadores do sucesso, o chegar a meio do primeiro período, o facto da Professora anterior a mim se ir reformar e estar completamente nas tintas para este ano lectivo, o estar longe de casa, o entrar numa escola nova. Pensei que nenhum desses factores fosse ser importante mas são.

Ao chegar quando o ano já se iniciou, mesmo que ainda no Primeiro Período, como foi o meu caso, faz com que os alunos me tenham visto sempre como Professora substituta, que um dia se iria embora. Logo à partida a postura deles era de não reconhecimento de autoridade, de laxismo e de falta de motivação para trabalhar comigo visto que eu brevemente partiria.

A minha antecessora, pelo que me foi transmitido, muitos meses depois (como convém claro!) por já saber que se iria reformar e por estar cansada e farta de todas as transformações que estão a ser impostas a uma velocidade digna de uma auto-estrada espacial, disse que “não estou para me chatear”. Esta frase significa basicamente que foi dada rédea solta aos alunos. Quando fui dar as primeiras aulas, carregada de boas intenções fui surpreendida com um comportamento absolutamente descontrolado de vários alunos em todas as turmas. Saber-se que aquela Professora se ia embora também foi sinónimo de empurrarem algumas turmas da mais fina flor para o seu horário visto que não seria ela a trabalhar com eles até ao final do ano.

Jamais em tempo algum eu pensei que estar deslocada de casa iria afectar o meu trabalho. Influenciou e afectou-o de uma forma que eu não desejei. Ter as minhas coisas divididas por 100km, as imensas tarefas que acabei por fazer a despachar pela pressa para ir para casa, o tempo perdido em deslocações, o dinheiro contado aos tostões (neste caso aos cêntimos) para pagar renda e afins, a solidão inicial… Nunca tinha percebido as queixas do pessoal deslocado, ou melhor, no plano teórico compreendia e achava que eles tinham razão, mas agora realmente SEI o que é isso.

Entrar numa escola nova é igualmente difícil não por ter dificuldade em contactar com novas pessoas mas porque cada estabelecimento tem as suas rotinas, os seus procedimentos, as suas regras, que a maioria dos professores tem já tão inculcadas no seu modus operandis que nem lhes passa pela cabeça que outras pessoas não o saibam. À medida que as situações ocorrem é que vamos aprendendo, se acontece isto deves fazer aquilo, se precisas disto tens que preencher este e por aí fora.

É verdade que estes factores condicionaram o meu trabalho mas também fui em diversas ocasiões completamente incompetente. O que mais me atormenta é que os erros que cometi já eram todos do meu conhecimento teórico, já sabia que não os podia fazer, mas mesmo assim fi-los. Paguei-os bem caros e certamente terei extremo cuidado em não os repetir. É como saber que o fogo queima mas termos que lá pôr a mão para comprovar. A falta de coerência nas atitudes com os alunos foi um erro gravíssimo. A confiança e a segurança excessiva que eu sentia pelo sucesso dos dois anos anteriores fizeram com que me tornasse desleixada e esquecesse os princípios básicos que sempre me guiaram.

Por isso e de uma forma honesta só poderia avaliar o meu desempenho deste ano como Insuficiente. Porém tive Muito Bom na minha avaliação de desempenho docente. O que apenas significa que fui uma boa burocrática, jamais que fui uma boa Professora.

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